Hoje um ser todo pintado e rasgado me parou na rua e pediu dinheiro. Havia passado em alguma universidade pública, devia estar comemorando.

- Não dou. Some daqui.
- Pô, passei no vestiba, arranja um troco ai!
- Não, já vou pagar sua universidade. Some daqui.
- Vai pagar nada, passei na USP!
- Some daqui filho da puta ignorante, e vai pro inferno.

O cara cursou o ensino médio em uma escola particular - estava com a camisa do COC - e agora vai cursar uma universidade pública, mantida por nós contribuintes. Vai se formar e vai cobrar os olhos da cara por uma consulta, parecer, sei la o que, quando nós, os contribuintes - que financiamos o estudo do rapaz, repita-se - precisarmos de seus serviços. Ele não vai lembrar das pessoas que lhe deram uns trocados quando passou no vestiba. Muito menos de quem financiou seus estudos.

Isso explica porque vi carros luxuosos quando visitei a Usp. E não eram de professores não.

Quem sabe isso explica a hecatombe desigualdade social tupiniquim. Pobre estuda em escola pública e não consegue ingressar em universidade pública - tem que recorrer à iniciativa privada se quiser curso superior. O porque todos nós sabemos. Rico cursa ensino fundamental e médio na iniciativa privada e consegue ingressar em universidade pública. Nada mais óbvio. Resumindo: pobre continua pobre e rico continua rico. É claro, existem exceções. Todavia a equação possui essa dinâmica como regra.

E o cara ainda vem me pedir grana pra enchera cara? Mandei pro inferno mesmo.